Maratona de Atenas 2015 com Ilha de Creta – Heraklion e Chania

Primeiro dia
Saímos de Florianópolis com destino à São Paulo.  Já saímos usando as nossas camisetas alusivas ao evento. O dia estava frio e chuvoso e depois das correrias de última hora estávamos tranquilos. Resolvemos viajar apenas com bagagem de mão.  Achamos que isso nos daria mais liberdade e agilidade nos nossos deslocamentos. Compramos uma mochila e uma malinha pequena e decidimos que só levaríamos o que coubesse ali. A minha pesou exatos 5 kg.  A da Vitória pesava o dobro.

Chegamos em Atenas via Frankfurt depois de um longo voo.
Logo no aeroporto achamos o guichê da organização da Maratona de Atenas. Eles foram muito gentis e nos deram um passe livre que valia para todos os transportes públicos gratuitamente em Atenas dois dias antes e 3 dias depois da corrida.  Assim pegamos o ônibus X95 e fomos direto na praça Sintagma. Chegando lá ainda vimos a troca de guarda na frente do parlamento grego. 

Fomos ao hotel Astor que fica bem pertinho da praça e muito bem localizado. Depois de um banho e troca de roupas saímos para jantar. Fomos comer comida típica em um restaurante dos muitos que há ali naquela região.
Depois fomos dormir que a viagem e o fuso horário estavam nos matando de cansados.

Segundo dia
Nós tínhamos reservado o segundo dia para resolver duas coisas. O nosso acesso à Internet e pegar os kits para a corrida.
Então dormimos até acordar e em seguida fomos tomar um café com uma paisagem magnífica: a Acrópole bem na nossa frente toda ensolarada. Comi aquela salada grega que é um desjejum espetacular.

Em seguida saímos para encontrar uma loja de telefonia celular. Bem pertinho achamos uma da vodafone. O atendente me ofereceu um pacote de dados com 1,5 gigabytes por 18 euros. Então já saí dali conectado e com o maps funcionando o que se revelaria fundamental numa terra aonde não se entende nada dos endereços já que tudo está escrito em grego.

Pegamos o Metrô e fomos até o local aonde estavam entregando os kits para a Maratona. Era o ginásio construído para o King Fu das olimpíadas de Atenas.  Havia muita gente lá mas não tivemos dificuldades em retirar nosso material que incluía uma linda camiseta. Pronto! Era mais ou menos 13 h e já tínhamos feito nossa tarefa. Então o dia estava livre.
Resolvemos continuar de metrô dali até o porto de Pireus pois nós iríamos sair de Atenas de navio e eu queria me localizar por lá. Foi só chegar no porto e eu de longe vi ancorado o navio que ia nos levar para Creta. Relaxamos, andamos um pouco por lá para conhecer os arredores e entramos em um restaurante local aonde comemos o primeiro giros da viagem. O giros é o famoso sanduíche grego feito de pão pita, carne de porco, tomate, pepino, cebola, iogurte e batatas fritas. Tomamos coca zero que é a bebida mais fácil de pedir no mundo todo.

Voltamos para Atenas e fomos ver o local das largadas e chegadas. Depois de um banho e descansar um pouco saímos para jantar, mas desta vez não tivemos sorte. O restaurante era péssimo.  Para compensar o jantar ruim tomamos um excelente sorvete. Aí, descansar porque no outro dia tinha a maratona.

Terceiro dia
Levantei bem cedo ás 5:30h pois os ônibus que nos levariam para o local da largada saíam até no máximo as 6:45h.
O café do hotel só seria servido a partir das 6:30h mas resolvi subir só para ver se não haveria um cafezinho por lá. Para minha surpresa o café estava todo servido. Então procurei comer o mais próximo possível da minha dieta habitual.

Peguei o ônibus e levamos mais de uma a hora para chegar ao local da largada. Estava muito frio e tivemos que entregar nossas roupas quentes. Então o jeito foi improvisar com uns sacos de plástico grandes que eles nos deram. Era muita gente: 43.000 atletas. Imaginem! Eu fui designado para o bloco 7 que era um dos últimos a largar. Só o meu bloco já assustava de tanta gente que tinha.

Depois de 20 minutos da largada principal começamos a correr. O início foi muito emocionante e fácil também.  O terreno era bem plano. Logo quando completei 5 km senti uma contratura na parte anterior da coxa direita. Fui administrando e torcendo para aquilo não se transformar em algo mais grave. Depois de correr 10 km comecei a sentir a parte posterior da coxa também. Mas eu continuava a fazer o pace de 6 minutos que havia planejado. Consegui fechar os 21 km, ou seja a meia maratona em 2 horas e 10 min. Já estava um pouco aquém do que eu planejei mas o cansaço e as ameaças de câimbras estavam muito fortes. E o pior é que pela altimetria da prova que eu tinha estudado era ali que começava a piorar a subida. Então neste momento eu decidi que o tempo não importava mais e que o mais importante seria completar pois eu não tinha viajado 11.000 km para ficar no meio da estrada. Diminui ainda mais o ritmo mas continuei correndo. Por sorte, na véspera ao almoçar em um restaurante eu guardei um envelope com sal. Custei para achá-lo no meu bolso interno e estava todo embolado. Engoli na primeira estação de hidratação que encontrei junto com um pouco de água. As câimbras aliviaram um pouco. Comi uma banana para ajudar com o potássio. Continuei correndo cada vez mais devagar. As pessoas ao longo do percurso nos incentivavam muito. Era emocionante.  Finalmente, depois de 4 h e 51 minutos, finalmente cheguei.  A entrada no estádio Panathinaikon foi uma sensação indescritível. 

Fui encontrar a Vitória lá fora aonde havíamos combinado. Eu como sempre não podia parar pois logo me dava hipotensão, então fiquei andando de um lado para outro até que não aguentei mais e tive que deitar no chão.

Logo em seguida fomos andando pois a corrida de 5 km da Vitória iria começar. Acompanhei ela na largada e depois fui para dentro do estádio para esperar a entrada dela.

De lá fomos direto para o hotel. Tomamos um banho e nos arrumamos e rápido para o porto de Pireus aonde às 21 h embarcamos no confortável navio que nos levaria até Heraklion em Creta. Jantamos confortavelmente no restaurante do navio e depois fomos para a nossa cabine com duas camas que naquele dia foram as melhores do mundo pois eu estava morto de cansado.

A navegação foi a noite toda e nem vimos nada tão cansados que estávamos.

Quarto dia
Chegamos bem cedinho no Porto de Heraklion. Achei estranho que não havia ninguém a vista. Nem vendedores nem ninguém oferecendo passeios hospedagem, taxi, nada. As pessoas que desembarcaram do navio não tinham jeito de turistas e logo sumiram. Mais tarde descobriríamos que estávamos fora da temporada e isso significa que os turistas somem mesmo, o que foi bom para algumas coisas e ruim para outras. 

Então nós ligamos o nosso GPS e fomos caminhando para o hotel que era bem pertinho. Chegamos na recepção e fomos muito bem recebidos, mas a nossa diária só começava as 13 h e eram 7 horas. Eu havia detectado isso, mas fui lá assim mesmo para ver se haveria uma solução. Não havia. Então perguntei se poderíamos tomar o café da manhã enquanto isso eu ia pensar no que fazer. O café da manhã era espetacular. Resolvemos deixar nossas bagagens lá no hotel e sair para alugar o carro que havíamos planejado. Fomos a uma agencia da AVIS e fomos muito bem atendidos. Alugamos um Mercedes A 160 automático que se revelou um carrinho muito econômico e confiável. Então motorizados, resolvemos ir visitar o Palácio de Cnossos, lugar lendário aonde teria vivido o Minotauro. Encontramos lá um guia que falava espanhol e nos deu uma aula sobre a civilização Minóica que habitou aquela região milhares de anos antes de Cristo. 

Á tarde fomos fazer uma coisa que queríamos há muitos anos fazer: ficar andando sem pressa em uma ilha Grega. Compramos pistaches deliciosos.
Á noite saímos para jantar. Queríamos experimentar a famosa culinária grega. Escolhemos mal e foi uma decepção o prato de frutos do mar que comemos.

Quinto dia
Depois do café da manhã sempre espetacular do Hotel Lato, saímos para visitar o Museu Arqueológico de Creta o segundo maior da Grécia. Lá estão os artefatos encontrados nos sítios arqueológicos da ilha. O museu é muito bem estruturado e as peças são muito bem cuidadas.  Todavia fez muita falta uma visita guiada que nos ajudasse a prestar atenção no que fosse mais importante. Também não havia a possibilidade de alugar um áudio guia o que poderia ser útil.

No final da manhã pegamos o carro e fomos conhecer o lado direito da ilha. Fomos sem pressa pela excelente estrada E75. O trânsito estava muito calmo e os motoristas são muito educados e por mais devagar que você vá ninguém fica dando sinal de luz para ultrapassar ou encostando o carro na traseira para te pressionar a ir mais rápido.
Nós fomos até uma cidade chamada Agios Nicolaus. Muito limpa e organizada como eram todas as que conhecermos, na beira do mar. Sentamos em um pequeno restaurante à beira mar e comemos um giros. Aproveitamos a Internet sem fio e colocamos nossas conversas com a família e os amigos em dia. Depois saímos caminhando sem rumo.

Quando voltamos resolvi fazer um trajeto diferente da ida. Voltei por estradas secundárias.  Inicialmente pela beira do mar e depois pelas montanhas passando entre as plantações de oliveiras e criações de ovelhas. Estivemos bem alto e as paisagens eram deslumbrantes. Várias vezes eu me lembrei daqueles filmes da segunda guerra mundial que eu vi quando era adolescente.
Voltamos para o hotel já era noite.
O plano era jantar no restaurante na cobertura do hotel. Nos informaram que estava fechado mas resolvemos ir lá mesmo assim só para bater uma foto. Para nossa surpresa estava funcionando. Então pedimos de novo polvo e peixe que estavam excelentes. Desta vez valeu a pena!


Sexto dia
Depois do café arrumamos nossa bagagem e saímos do hotel em direção à Chania. Decidimos que iríamos devagar e parando aonde desse vontade. Fomos outra vez pela autoestrada excelente que corta a ilha.
Entramos em mais uma cidade balneária chamada Reytmno aonde segundo as informações que colhemos na Internet haveria uma praia linda. Sim havia uma praia. Mas não era linda! Nem bonitinha! Para os padrões das praias de Creta até pode ser. Mas como estávamos lá resolvemos fazer o que ainda não havíamos feito: tomar um banho de mar.

Depois almoçamos em um dos poucos restaurantes que estavam abertos por ali.  Pedimos um giros no prato e uma salada grega. Melhor opção para uma refeição leve e rápida.
Depois fizemos um programa que sempre fazemos aonde vamos: um Supermercado Tour.

Na continuação fomos para nosso destino.
Fizemos nosso check-in no Hotel Kriti em Chania. Limpo e organizado. Um pouco pequeno tem um problema: não tem condicionador de ar para esfriar. Só tem ar quente central e algum funcionário estava com frio e colocou a temperatura em uns 30 graus.  Então a alternativa sugerida pela própria funcionária do hotel foi abrir as janelas.

À noite saímos para jantar em uma indicação do TripAdvisor que estava fechado.  Por sorte encontramos um restaurante que satisfez nossas expectativas. Prometemos voltar no outro dia para um jantar mais elaborado.

Sétimo dia
Para este dia planejamos visitar uma praia muito citada na Internet e que ficava do outro lado da ilha de Creta: Elafonisia.
Quando eu coloquei o destino no GPS e vi que para percorrer uns 80 km levaria quase duas horas já vi que o trajeto era complicado. Começamos bem, pela autoestrada estrada. Mas alguns quilômetros adiante saímos para uma estrada secundária que começou a subir a montanha e a ficar cada vez mais estreita e sinuosa. Em alguns lugares passava tão próximo das casas e das plantações que dava para colher laranjas da janela do carro. Passamos por um túnel escavado na rocha aonde só passava um carro de cada vez.

Continuamos andando até que quando só faltavam 25 km encontramos um bloqueio na estrada. Estava em obras.
Voltamos um pouco e é encontramos um desvio. Estava escrito só em grego e por isso não tínhamos entendido. Então fomos por uma estrada há mais sinuosa ainda é finalmente chegamos à famosa praia. Estava totalmente deserta. O dia era lindo mas não havia nada aberto por lá. Então ficamos muito pouco apreciamos a beleza do lugar e logo fomos embora. Não conseguimos encontrar nenhum restaurante aberto sequer para fazer um lanche.

Resolvemos ir jantar direto. Mas antes passamos pelo mercado municipal de Chania. Vale a visita. Mas como a maioria dos mercados públicos em volta do mundo este também já começa a ser tomado pelas lojinhas de artesanato made in China.
O ponto alto do dia foi o jantar. Fomos comer no mesmo restaurante da véspera. Mas desta vez fomos mais cedo e dispostos a gastar mais.  Foi excelente.

Oitavo dia
Este foi o dia em que começamos a viagem de volta. Acordamos cedo e fomos para o último café da manhã na Grécia.
Depois fomos para o aeroporto de Chania. Devolvemos o carro alugado da Avis sem nenhum problema. O custo total foi de 267 euros por quatro dias de aluguel de um Mercedes A 160 automático. Valeu a pena.
No aeroporto a Vitória percebeu que havia esquecido o relógio no banheiro do Hotel. Escrevi um e-mail e a gerente do Hotel gentilmente se comprometeu a devolver pelos correios.
Foi uma longa jornada de volta. Da próxima vez faço uma escala e fico pelo menos 24 horas em um aeroporto intermediário.
Mas a viagem foi espetacular.  Tudo o que planejei deu certo e a Grécia é um país excelente para visitar.

Tive a ajuda preciosa do Miguel da Starlite Travel ele é grego mas fala fluentemente português e me ajudou reservando os hotéis e as passagens internas além de muitas dicas E-Mail: myrianthis@starlite.ondsl.gr Tudo o que ele fez deu certo.

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