Diário de viagem México 2012


Em pé: Leandro, André, Érika, Léia, Mário, Lili e Osni. No meio: Marcos, Marcus e Vitória.

Estamos em nossa segunda viagem ao México. É um país muito interessante. A viagem é para nadar, aprender e divertir. Não necessariamente nesta ordem. Aliás, cada um de nós dez escolhe a ordem que quiser. Somos de sete de Florianópolis, dois de Curitiba e uma do Rio de Janeiro. Assim, nos encontramos em São Paulo para iniciar nossa viajem. Foi um voo direto até a cidade do Panamá e de lá para a caribenha, com ares estadunidenses, Cancun. Ficamos em um pequeno e tranquilo hotel chamado Sotavento que fica as margens da lagoa Nichupté. Logo no primeiro dia corremos para achar um Oxxo, um mercadinho, que tem quase tudo o que é necessário para sobreviver. Em minha opinião lá tem o melhor cappuccino que eu já tomei. No segundo dia pela manhã participamos do I Caribean Open de natação. Ficamos muito bem colocados. Faturamos o primeiro geral masculino e feminino nos 5000m e dois primeiros na categoria nos 1500m. Foi uma festa. Á tarde eu e a Vitória fomos mergulhar nos arrecifes bem na frente de Cancun. Increible! Águas cristalinas com mais de 30m de visibilidade. Muuuuuitos peixes de várias espécies. Uma tartaruga enorme resolveu brincar com as bolhas do nosso scuba e ficou vários minutos nadando sobre nossas cabeças. Inesquecível. Á noite foi a hora de comer a comida mexicana: tacos, natchos, frijoles, etc... todos com muito chili.
Primeiro lugar categoria 55-59 anos I Caribean Open Water
No segundo dia, bem cedo saímos na direção de Tulum. Alguns foram visitar o peculiar sítio arqueológico de Tulum única ruína Maia a beira mar. Eu e a Vitória fomos mergulhar em uma caverna. Escolhemos para isto o Cenote Dos Ojos (Dois Olhos). Nossa guia foi Mônica uma mergulhadora mexicana experiente e muito gentil que ajudou na nossa iniciação nesta modalidade que é uma das mais arriscadas e impressionantes atividades humanas. Imergir em um rio subterrâneo é fantástico e aterrorizante ao mesmo tempo. O visual dentro da caverna é magnífico, pois com a entrada dos raios do sol criam-se efeitos muito especiais. A água é cristalina e fria. Foi muito bom. Depois fomos para o parque temático Xcaret. Um empreendimento turístico impressionante. Organizadíssimo. O que mais nos chamou a atenção foi o show temático ao final à tarde e a gastronomia de todas as nacionalidades que lá existem em vários restaurantes de alto padrão. Puxa, que dia! Então fomos dormir no Chilam Balam, pequeno hotel em Tulum.
Entrada do Parque Xcaret
 
Nosso terceiro dia e já fizemos tantas coisas que até parece que estamos viajando há uma semana. Acordamos muito cedo para os padrões mexicanos, pois ainda estamos 4 horas adiantados do fuso horário deles. Hoje foi o dia de visitar Chichen Itzá, uma antiga cidade Maia muito preservada com sua linda pirâmide. Dizem que foi ali que foi feita a famosa previsão do fim do mundo em 21/12/12. Ainda bem que já vamos estar em casa neste dia pois tenho umas contas para pagar antes que o mundo acabe. Depois fomos nadar no Gran Cenote. Um poço muito profundo com uma água cristalina e fria. Segundo a tradição, os maias atiravam lá dentro pessoas que se não morressem eram considerados sagrados. Nós todos sobrevivemos. Um torcedor do Avaí não teve coragem de pular sem um colete salva vidas. Depois de recarregar nossas baterias na água sagrada, era a hora de ir para o aeroporto de Cancun em direção à Cidade do México. Depois, direto para o hotel pois estávamos todos exaustos mas felizes.
Gran Cenote
No quarto dia, na cidade do México, nossos companheiros de viagem foram visitar o Museu de Antropologia, um dos melhores do mundo. Depois de dar uma voltinha pelo Zocalo, centro histórico da Cidade do México, eu e a Vitória resolvemos fazer um daqueles tour de ônibus que existem em quase todas as cidades grandes. A Vitória estava com uma enxaqueca daquelas e dormiu praticamente durante as três horas e meia que durou o passeio. Não recomendo o passeio pois o trânsito é infernal e leva-se mais tempo parado do que andando o que nos deixou muito angustiados pois tínhamos hora para voltar para o hotel. No fim da tarde fomos para Teotihuacán que é uma cidade arqueológica impressionante pelo tamanho das pirâmides, entre as maiores do mundo, e pela organização urbana digna de qualquer cidade moderna. Aliás, administradores das nossas cidades poderiam aprender muito fazendo uma visitinha. Ficamos em um hotel muito arrumadinho e confortável chamado Quinto Sol. Fomos dormir cedo, pois no outro dia haveria um voo em balão. 
Catedral da Cidade do México
 
Quinto dia. Levantamos bem cedinho, pois havíamos marcado um voo em um balão sobre Teotihuacán. Estava muito frio e nós fomos para o local de onde decolam os balões e presenciamos toda a preparação para o voo. Balões cheios, decolamos. A sensação é indescritível. "Voar sem asas" é o lema dos baloeiros locais. Era dia do meu aniversário e a Vitória tinha preparado uma surpresa. No outro balão na nossa frente abriram uma faixa com uma carinhosa homenagem. Foi uma choradeira. Até o Carpano chorou! Acho que foi a melhor surpresa de todos os meus aniversários. Pena que acabou o voo. Poderia fazer aquilo o resto do dia. Depois fomos percorrer Teotihuacán a pé. Subimos na pirâmide da Lua e na do Sol. Aquilo lá passa uma energia enorme. Fiquei imaginando milhares de pessoas construindo aqueles monumentos com as próprias mãos. Mas nesta altura do dia nós já estávamos precisando energia de outro tipo: fomos almoçar. Nós tínhamos combinado de comer escamoles, o "caviar mexicano", que neste caso consiste de larvas de formigas da região. Comemos! Mas ninguém pensa em repetir. Não é ruim nem bom, gostar deve ser uma coisa mais cultural. Durante o almoço um mariache se aproximou do lado da mesa onde eu estava e passou a cantar músicas românticas. Depois cantou uma canção que eles tocam nos aniversários. Depois cantaram parabéns também. Advinha: choradeira outra vez. Estava ótimo. Voltamos para a Cidade do México de ônibus de linha e outro pedaço de metrô. Ufa! Que dia!
De balão sobre Teotihuacan. Ao fundo a pirâmide do Sol.

Sexto dia, cedinho saímos para visitar Xochimilco, a Veneza mexicana. Trata-se de uma região que era um lago e há milhares de anos os habitantes locais foram aterrando e criando pequenas ilhas, as chinampas, para cultivar principalmente flores. Atualmente virou uma atração turística principalmente para mexicanos de outras partes do país. Nós fomos de metrô e trem e ao chegarmos já fomos abordados pelos muitos agenciadores que nos ofereciam passeios de barco. Escolhemos um e fomos em um tour tranquilo e silencioso pelos canais. De repente tudo mudou. Muitos barcos bem enfeitados apareceram tocando música mexicana bem alta. Havia pessoas comemorando o aniversário, dançando, bebendo e cantando. Também apareceram barcos com vendedores de comidas, bebidas e todo todo tipo de bugingagas. Era uma festa de sons e cores. Ficamos quase duas horas por ali. Depois fomos visitar a basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira do México, afinal nós só estamos aqui por causa da travessia de natação que é feita em sua homenagem. O Marathon Guadalupano. Ainda tivemos tempo de na volta dar uma passada no mercado de artesanato da Cidade do México que também é um espetáculo de variedades e cores. Vários de nós aproveitaram para comprar os presentes do amigo invisível.
Xochimilco a veneza mexicana
Sétimo dia. Saímos cedinho do nosso hotel em direção a Acapulco terra do Chaves do famoso seriado de TV. Mas passamos primeiro por Cuernavava. Um dos nossos companheiros queria muito saber por que esta cidade tinha este nome estranho para nós. Confessamos que não vimos nem chifres, nem vacas e assim o nome continuou inexplicado. Mas vimos o Palácio de Cortez, o espanhol que com pouquíssimos homens conquistou todo o México de Montezuma e deu início ao fim da civilização Asteca. Depois passamos por Taxco uma cidade vertical encravada nas paredes de um vale rochoso rico em prata e outros minerais. Há ali uma igreja em estilo barroco das mais lindas e ricas que eu já vi. Espetacular. Continuamos descendo em direção ao oceano pacífico. No final do dia, já à noite resolvemos que um banho de mar seria indispensável. Como sempre encontramos as águas do pacífico quentes e convidativas da enseada de Acapulco.
Centro da cidade de Taxco
Oitavo dia. Acordamos cedinho e fomos tomar um café cappuccino de vanila no Oxxo. Depois de taxi rumamos para a Playa Caleta. Uma enseada bem pequena que serve de chegada para as provas de 1000m do Marathon Guadalupano. Estabelecemos nosso QG ali e alugamos uma canoa para ir para a ilha de onde dá a largada. Fomos na canoa o Marcos remando a Lili e o Mario Barwinsky e eu. Na ida eu procurei, mas não vi as águas malas. Logo em seguida deram a largada da minha categoria. Nadei uns 200m e, surpresa, lá estavam elas, muitas, mas bem menos do que do ano passado. Nadei uns 700m no meio das águas vivas. Tomei umas dezenas de ferroadas mas fiz um tempo bom e completei a prova sem dificuldades. Depois foi a vez da Lili e do Mário. Eles também completaram com muita garra mesmo com as picadas. Já a Erica e o Leandro gaharam as suas categoria. Fizemos uma festa no pódio. A Léia comandou o "mãos lá em cima!". Fotos com as bandeiras do México e a do Brasil fizeram sucesso. No final da tarde fomos ver o espetáculo mais tradicional de Acapulco. Os Clavados de La Quebrada. Como sempre estava eletrizante. Os meninos, um de seis anos, mergulham de um rochedo em um espaço reduzidíssimo entre as pedras com uma profundidade de apenas uns 5 m. Depois, hora de dormir pois no outro dia haveria os 5000m. 
Premiação dos 1000m
 Nono dia ou dia D. Este era o dia de nadar os 5000m. No ano passado tinha sido uma prova de fogo, pois o percurso estava infestado de águas vivas, ou águas malas como dizem os mexicanos. Então nadar ali no meio era como estar sendo esfaqueado, lanhado e queimado por mais de 1 hora. Mas neste ano, surpreendentemente, havia poucas e só no início, depois quase desapareceram. Então me concentrei em nadar o melhor que pude. Fiz um tempo recorde para mim, 1h 45min. O Marcos me acompanhou numa canoa alugada de um pescador local e a mulher dele foi junto para dar uma voltinha. O velho lobo do mar e sua loba. Muita honra para mim. Mas uma imagem impagável os três naquela canoinha. Desta vez, o Leandro ficou em segundo e a Érica ganhou a categoria dela. Festa México brasileira outra vez. Almoçamos um polvo "al horno" maravilhoso ainda que tivéssemos que tomar muita água para apagar o fogo do chili abundante na comida. Foi a pimenta mais forte que eu já comi e olha que eu sou acostumado desde criança e gosto. Hora de começar a voltar. Voamos para a Cidade do México e ainda deu um tempinho para fazer um Walmartour: umas comprinhas no supermercado pertinho do hotel que tem preços muito bons para os brasileiros. Fomos eu a Vitória, o Mário e a Lili. Os outros foram ver uma das famosas lutas livres mexicanas e, pelos relatos deles, gostaram muito. Ufa! Parece que estamos viajando há um mês tal a efusão de coisas que já fizemos. Mas foram só nove dias. Amanhã voamos para o Panamá
Chegada dos 5000m


Décimo dia. Comecei a preparar a volta para o Brasil. Me acordei as 4h da manhã no horário mexicano e 8h do Brasil. Fiz um café no quarto do hotel. Lembrei da Isabella, minha filha que quando trabalhou de housekeeping odiava quando os hóspedes usavam a cafeteira. Ela me contou que lavavam a cafeteira e as canecas com os mesmos panos que limpam o vaso sanitário. Prevenido, lavei bem tudo com água bem quente antes de usar. Depois fomos ao aeroporto fazer o chek in e voltamos ao hotel para tomar o "melhor café da manhã do mundo" um desjejum mexicano que tem desde feijão até frango ensopado. Eu fiz de conta que era hora do almoço e almocei. Embarcamos para o Panamá. Três horas depois já estávamos indo para o Shopping que é o programa preferido de quem visita este país. Depois, no final da noite fizemos a revelação do amigo invisível. Foi divertido e agradável. Parecíamos todos velhos amigos. A viagem nos aproximou muito. Como disse o nosso guia e amigo Marcos, nos tornamos irmãos de viagem.
Revelação do amigo secreto.

Décimo primeiro dia. Acordamos cedo para aproveitar o último dia da viagem e da cidade do Panamá aonde os preços são muito bons. Fomos pela manhã a um shopping. Enquanto a Vitória fazia umas comprinhas, eu tirava um cochilo em um confortável sofá. Passei em uma loja especializada em bicicletas. Os preços não estavam tão bons quanto eu pensava então não comprei nada lá. No caminho para o aeroporto ainda passamos em Puebla, um centro comercial popular famoso por ter produtos com preços imbatíveis. Por 34 dólares comprei uma Land Rover zerinho. Não um carro, mas sim uma bota especial para caminhadas. Enfim, avião e voo de volta. Chegamos bem e já estamos preparando a próxima, para a Turquia em 2012.
Esta e outras viagens podem ser vistas no site: http://www.travessias.com/new/index.asp

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