Breve História de Natação em Águas Abertas no Brasil e no Mundo


As primeiras travessias de natação em águas abertas eram mais desafios do que competições como as que conhecemos hoje. Há um mito da antiga Grécia de que Leandro era um jovem de Abidos, cidade situada na margem asiática do estreito que separa a Ásia da Europa. Na margem oposta do estreito, na cidade de Sestos, vivia a donzela Hero, sacerdotisa de Vênus. Leandro a amava e costumava atravessar o estreito a nado, todas as noites, para gozar a companhia da amante, guiado por uma tocha, que ela acendia na torre, para esse fim. Mas, numa noite de tempestade, em que o mar estava muito agitado ventava muito e a chama se apagou, o jovem perdeu as forças e afogou-se. Hero tomou conhecimento de sua morte e, desesperada, atirou-se da torre ao mar e morreu. Séculos mais tarde, em 1830 aproximadamente, o inglês Lord Byron, um filósofo, poeta e esportista fez ele mesmo a travessia para homenagear e provar que a lenda era possível.
Também houve comandantes militares e líders dedicados à natação como o Imperador Romano Julio César e mais recentemente o líder comunista chinês Mao Tse Tung, que demonstravam sua coragem nadando longos trechos em no mar. 

A travessia mais famosa atualmente é a do Canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França. Em 1875, o inglês Matthew Webb pela primeira vez conseguiu com êxito vencer a travessia no tempo de 21 horas utilizando nado peito clássico, pois o crawl não era conhecido. Em 10 de agosto de 1958 Abílio Couto foi o primeiro brasileiro a atravessar oficialmente o Canal da Mancha. Num percurso sentido França-Inglaterra, Abílio completou a prova de 32 km, em 12 horas e 45 minutos com a temperatura da água em 15 graus Celsius.
No Brasil, as travessias competitivas, sempre foram muito populares. Exemplos disso foram as provas tradicionais do rio Tietê (em São Paulo), a da Enseada de Botafogo (no Rio de Janeiro), a do Rio Negro (em Manaus), a do Rio Capibaribe (em Recife), a da Baia de Todos os Santos (em Salvador) e a de Rio Grande (São José do Norte a Rio Grande no RS). As primeiras deixaram de ser realizadas devido à poluição. Mas atualmente ainda existem as de Salvador, de Rio Grande (a mais antiga do sul do Brasil, tendo mais de sessenta realizações), de Bombinhas (SC), da Lagoa da Conceição (SC) e a mais famosa atualmente a dos Fortes (RJ entre os fortes de Copacabana e do Leme). Nesta última prova, com a participação de mais de 2000 atletas em cada edição, tem sobressaído atletas como Ana Marcela, Poliana Okimoto, Betina Lorscheitter, Luiz Lima, Alan do Carmo, Samuel de Bonna e Luiz Arapiraca.
Com a tendência atual de um retorno à vida próxima da natureza e os cuidados com o meio ambiente está havendo um novo incremento nesta modalidade de esporte.
Junte-se a isto a possibilidade de participação de atletas de várias idades desde infantis até masters e das suas famílias e acontecem então grandes eventos com características muito marcantes de competitividade e camaradagem entre todos os envolvidos.

Fontes de consulta:

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